Não sou uma rapariga moderna.
Não, nada mesmo.
Não percebo as febres
informáticas, as maluquices dos Iphones
e principalmente esta modernização das relações.
Mas o que é isto de amores relâmpago?
De one night stand? De mudar de
namorados a cada quinze dias? Uma pouca-vergonha.
É verdade, em pleno século XXI
continuo a apoiar fervorosamente os amores de outrora. Aqueles em que se namorava
à janela (embora, desconfio, havia uma grande habilidade em saltar as mesmas,
dada a quantidade de filhos prematuros fruto de casamentos à pressa), ou com os
pais a vigiar. Em que dançar com alguém já era algo do outro mundo, e ver o
tornozelo da senhora uma ousadia.
Beijos? Estão doidos? Beijos
só na mão, ou na testa (e até isto sou contra, dada a carga erótica. Deixa o
outro a pensar “ai se fosse mais abaixo…”). E os prazeres carnais? Totalmente reservados
à noite depois de dizer “sim” ao senhor padre, tendo como testemunhas Deus, os
parentes, os amigos e os namoricos antigos (que choravam desunhadamente).
Basicamente, é isto. É este o meu
pensamento. É mesmo. Sou uma rapariga das que já não se fazem.
E daí, talvez não seja bem assim.
Mas, não vamos banalizar as coisas. Acho que me estou a repetir. Mesmo assim,
todos temos o dever de dizer “não” ao vandalismo a que votaram o amor. Imaginem
que o amor é um edifício novo, com cheiro de tinta fresca e uma arquitectura lindíssima.
Acham bem que se vá lá encher aquilo tudo de grafitis feios, daqueles em que se
escreve o nome ou o clube de futebol? (se escreverem Benfica, até que acho bem.
Nos outros casos sou contra). E quando escrevem “amo-te” e o nome de alguém?
Isto é duplo vandalismo. Vandalizam a parede e o amor, que um sentimento assim
não é numa parede que se estampa.
Nada de modernices e de
devaneios. O amor é antigo, cheio de pó. E um pó dos bons, que nem os alérgicos
espirram. O amor vem de longe. O amor desbrava caminhos. O amor participou no Survivor, e ganhou sempre. O amor joga
xadrez e tem um QI mais elevado do que o do Einstein. O amor enche estádios e coliseus.
O amor é como a justiça – cego. O amor é o melhor terapeuta do mundo. O amor é
viajado, é sabido. O amor escreve livros, realiza filmes e encena peças de teatro. O
amor veste bem e assenta bem a toda a gente.
O amor é tudo, é sim senhor. É como um diamante, que nunca passa de moda. Por isso, amar no passado devia ser igual a amar no presente e no
futuro. O amor é antigo – deixem-me enfatizar esta ideia, por favor. E como
tal, vamos respeitar a sua essência. Não há espaço para modernizar nem
actualizar aquilo que só por existir já é perfeito.