terça-feira, 22 de outubro de 2013

À moda antiga

Não sou uma rapariga moderna. Não, nada mesmo.

Não percebo as febres informáticas, as maluquices dos Iphones e principalmente esta modernização das relações.

Mas o que é isto de amores relâmpago? De one night stand? De mudar de namorados a cada quinze dias? Uma pouca-vergonha.

É verdade, em pleno século XXI continuo a apoiar fervorosamente os amores de outrora. Aqueles em que se namorava à janela (embora, desconfio, havia uma grande habilidade em saltar as mesmas, dada a quantidade de filhos prematuros fruto de casamentos à pressa), ou com os pais a vigiar. Em que dançar com alguém já era algo do outro mundo, e ver o tornozelo da senhora uma ousadia.

Beijos? Estão doidos? Beijos só na mão, ou na testa (e até isto sou contra, dada a carga erótica. Deixa o outro a pensar “ai se fosse mais abaixo…”). E os prazeres carnais? Totalmente reservados à noite depois de dizer “sim” ao senhor padre, tendo como testemunhas Deus, os parentes, os amigos e os namoricos antigos (que choravam desunhadamente).

Basicamente, é isto. É este o meu pensamento. É mesmo. Sou uma rapariga das que já não se fazem.

E daí, talvez não seja bem assim. Mas, não vamos banalizar as coisas. Acho que me estou a repetir. Mesmo assim, todos temos o dever de dizer “não” ao vandalismo a que votaram o amor. Imaginem que o amor é um edifício novo, com cheiro de tinta fresca e uma arquitectura lindíssima. Acham bem que se vá lá encher aquilo tudo de grafitis feios, daqueles em que se escreve o nome ou o clube de futebol? (se escreverem Benfica, até que acho bem. Nos outros casos sou contra). E quando escrevem “amo-te” e o nome de alguém? Isto é duplo vandalismo. Vandalizam a parede e o amor, que um sentimento assim não é numa parede que se estampa.

Nada de modernices e de devaneios. O amor é antigo, cheio de pó. E um pó dos bons, que nem os alérgicos espirram. O amor vem de longe. O amor desbrava caminhos. O amor participou no Survivor, e ganhou sempre. O amor joga xadrez e tem um QI mais elevado do que o do Einstein. O amor enche estádios e coliseus. O amor é como a justiça – cego. O amor é o melhor terapeuta do mundo. O amor é viajado, é sabido. O amor escreve livros, realiza filmes e encena peças de teatro. O amor veste bem e assenta bem a toda a gente.


O amor é tudo, é sim senhor. É como um diamante, que nunca passa de moda. Por isso, amar no passado devia ser igual a amar no presente e no futuro. O amor é antigo – deixem-me enfatizar esta ideia, por favor. E como tal, vamos respeitar a sua essência. Não há espaço para modernizar nem actualizar aquilo que só por existir já é perfeito.