Se
há coisa que me irrita – e que me caia já um raio na cabeça se isto não for
verdade – são as pessoas apáticas.
Gosto
de pessoas que vão à luta, que quando não têm fazem por ter, pessoas que
riscaram, com um lápis azul moderno, as palavras “não” e “impossível” do seu
dicionário.
Sou
um pouco idealista, é verdade. Acredito demasiado nos outros, e pior do que
isso, em mim mesma (erro crasso). Ainda assim, é bom saber que me posso acercar
de pessoas como eu – grito de felicidade porque não estou sozinha no mundo.
É
maravilhoso ter ideias, semeá-las, regá-las, adubá-las e depois, quando é
tempo, fazer a sua devida colheita. Ora pensem em todas as coisas que ao longo
da vossa vida conseguiram realizar? Não é uma sensação – desculpem o calão – do
caraças?
Há
pouco tempo cheguei a uma conclusão óbvia, e que no meu caso adveio
tardiamente. E é simplesmente isto: pessoas apáticas (que normalmente são
negativistas) funcionam como âncoras de um cruzeiro de luxo.
O
convívio excessivo com estas pessoas vai tornar-nos como elas. Então, mesmo
tendo ganho num sorteio mirabolante, não um colchão Molaflex, mas sim uma
viagem inesquecível a bordo desse tal cruzeiro, vamos recusar. Não vamos, que
assim ninguém se inquieta! É como se nos tivessem prendido um grilhão de ferro
pesadíssimo ao pé. Aos dois pés. Sofremos uma metamorfose, e, lá está –
âncoras! O casco desse cruzeiro nunca irá saborear o sal do mar alto porque não
tem passageiros para levar consigo. Será como um Costa Concordia, e não com um
Allure of the Seas.
Eu
cá adoro é embarcar nestas viagens alucinantes, com pouca roupa e muito
protector solar, só para prevenir. Alvitro que sejamos não aquele irritante
turista mimado, mas sim a hospedeira, o cozinheiro, o capitão e o empregado de
mesa que sorri quando é chamado e que sai disparado, alegre por ajudar. Nós
somos partes vivas desse cruzeiro. E daí ser de luxo, por ter tamanha tripulação.
Está
a ver aquela ideia que tem na gaveta? Aquele projecto para o qual nunca pediu
orçamento? A obra de bricolage que
tem andado a adiar? O plano de ginásio pendurado no íman do frigorífico que
ignora todas as manhãs? Pois bem, hoje é o dia de pegar em tudo e de arregaçar
as mangas.
Vivo
de ideias. Muitas vezes, nunca passam disso. São só ideias. Contudo para mim é
como um combustível feito através de uma energia renovável. Para além de não
ser poluente, nunca se esgota. De onde veio esta, há mais.
Há
umas linhas atrás escrevi que grito de felicidade por não estar sozinha, nisto
que considero ser uma demanda à escala planetária. E por estes dias, sem caber
em mim de contentamento, constatei o quanto fui tansa por um dia ter achado o inverso.
Por isso, estas palavras são em especial
dedicadas a todos os sinais “mais” da minha vida. Àqueles que não usam de condescendência,
como se eu estivesse doente com uma febre qualquer que me afecta gravemente o
cérebro, deixando-me insana.
Obrigada
a todos que me olham nos olhos, sorriem com franqueza e entusiasmo, e dizem
prontamente “vamos a isto!”