segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A actualidade é má!

Muitas pessoas perguntam-se (quero acreditar que sim) por que é que não escrevo sobre a actualidade.

É um facto. Prefiro debruçar-me sobre outros assuntos, a maioria deles (todos?) sem nenhum aplicativo concreto. Gosto tanto da actualidade, que até sou contra o acordo ortográfico!
Basta ser um observador mais ou menos atento do chamado mundo actual para perceber o meu desinteresse em falar sobre ele.
Além de toda a gente já os comentar, (isto de ser seguidora de algo mainstream, que não tenha a ver com a bola, não é para mim) são temas de má rês, com índole duvidosa.
Jornalistas decapitados, inocentes mortos em guerras, vírus perigosos, crimes hediondos, serviços encerrados e, ainda os fogos, porque o Verão não terminou, e até dizem que o pior está para vir.
As minhas últimas palavras – o pior está para vir – são a chave deste desabafo. A actualidade é má. E quando há alguma coisa boa, quer-se efémera, com pouco destaque. É para ser um sorriso solitário neste vale de lágrimas.
Foto retirada de http://www.sol.pt/noticia/105703 
Repare-se que nem as famosas pulseiras feitas com elásticos coloridos, e que para muitos miúdos constituíram a primeira fonte de rendimento (sim, para os mais distraídos, as crianças impingiam os ditos “acessórios” a familiares e amigos) se safaram. E uma coisa que nem era boa nem má, mas que abanou a actualidade, afinal, vai a ver-se, e pode provocar cancro. Puxou-se demasiado o elástico, e rebentou… Acontece.
Para mim nem havia actualidade. Bania-se.
Assim todos teríamos que ser mais criativos e arranjar outros assuntos aos quais dar visibilidade. Até poderia dar-se o caso de começarmos a falar mais com o vizinho, com as pessoas com quem nos encontramos nas filas de espera ou ficássemos a dar dois dedos de conversa quando fôssemos comprar pão.
A actualidade é má. Não gosto de falar sobre ela. Só de pensar, fico arrepiada.
E, eu acho (vale o que vale, bem sei), que quando ninguém quiser saber da actualidade, quando mais ninguém quiser os holofotes mundiais a fazer-me rolar suor cara abaixo, e quando cada um passar a olhar para o seu quinhão, para aquilo que lhe está à frente dos olhos, vamos deixar de ser aqueles que, sentados à mesa do jantar ou de um café, dizem “que pouca vergonha!”, mas que depois seguem, indiferentes, e vamos começar a ser reaccionários.
Uma fórmula que poderá adoçar a actualidade e quebrar-lhe o encanto, para que deixe de ser má, e passe, pelo menos, a ser assim-assim.