Este fim-de-semana,
numa conversa de amigos, daquelas que me costumam dar material para escrever,
fizeram-me uma pergunta que me apanhou em falso.
“Então, Tânia, e o que
é o amor?”. Caramba, pá! Por esta não estava nada à espera, juro que não. Logo
eu, que estou sempre com o amor na ponta na língua (sem qualquer conotação
maldosa). A minha sorte é que a pessoa que me meteu em tamanha embrulhada tinha
mais coisas para me dizer, e acabei por não ter que responder da forma imediata
que temi.
Por coincidência, ou
talvez não, há alguns dias partilhei nas redes sociais um texto que rezava
assim: “Nunca ninguém vai conseguir definir o
que é o amor.
O amor é tanta coisa na verdade, que seria, até, grosseiro e redutor criar-lhe uma definição só.
No entanto, estou em crer que amar alguém pode ser explicado com um casal de idosos, a passear de braço dado, enquanto ela resmunga, naquele tom propositadamente inaudível que as mulheres usam quando querem reclamar com os seus homens, e ele, com um ar de paciência infinita, perguntar num tom velado pelo carinho "Quê, filha?", ao passo que tenta concentrar-se para conseguir perceber a razão do amuo.” E isto, que agora voltei a reproduzir, é um retracto fiel da vida real, que me leva a perceber não o porquê de tanta gente ficar sozinha, mas o motivo pelo qual devemos, sim, ser exigentes com quem amamos e com quem nos ama.
O amor é tanta coisa na verdade, que seria, até, grosseiro e redutor criar-lhe uma definição só.
No entanto, estou em crer que amar alguém pode ser explicado com um casal de idosos, a passear de braço dado, enquanto ela resmunga, naquele tom propositadamente inaudível que as mulheres usam quando querem reclamar com os seus homens, e ele, com um ar de paciência infinita, perguntar num tom velado pelo carinho "Quê, filha?", ao passo que tenta concentrar-se para conseguir perceber a razão do amuo.” E isto, que agora voltei a reproduzir, é um retracto fiel da vida real, que me leva a perceber não o porquê de tanta gente ficar sozinha, mas o motivo pelo qual devemos, sim, ser exigentes com quem amamos e com quem nos ama.
“Eu
não sei o que é o amor. Já soube, mas já sei sentir isso, assim”, diziam-me, na tal conversa. Claramente em jogo está
uma decepção. Um amor que não foi bem-sucedido deixa marcas inevitáveis, e que,
para pior, desferidas no ponto exacto, doem demasiado tempo, como aquele joelho
teimoso que avisa quando vai chover.
Lá no
fundo, sabemos “quando vai chover”, antevemos decepções até antes do outro
sonhar que nos vai magoar. É um instinto que temos, mas que ignoramos. Porque
somos exigentes? Nah, somente porque queremos sentir aquele quentinho no
coração.
Mas
não chega, temos que saber que podemos, e devemos, querer mais. O melhor e mais
repimpado amor. Eu sou exigente, cada vez mais. Reclamo atenção, faço beicinho
se não me dão o que idealizo em triplo, e viro costas e faço o que, no mundo
das gajas, se pode chamar o “desfile da diva”, que é quando resolvemos que a
situação, seja qual for, está num nível “toooo much”, e que temos que fechar
aquela porta, mas com algum estilo, sem histerismos e lágrimas (Quem nunca? E
depois, muitas vezes, até nos arrependemos no minuto seguinte. Enfim, citando
uma amiga, “é uma vida a sofrer”.).
Acreditam
que quem amou a sério uma vez não pode amar nunca mais? Que fica “seco”? Ou
ficamos apenas mais olho-vivo para o futuro (aka exigentes, que já não serve qualquer badameco)? E o que é o
amor, afinal? É querer o bem de alguém? É desejar sexualmente? É querer ser um
pinguim-imperador, e ficar a chocar ovos com o mesmo parceiro para toda a
eternidade?
Não
sei, nem quero saber, em boa verdade. Mas, que gostava que alguém não
desentrelaçasse o braço do meu, mesmo eu estando tão venenosa como uma víbora,
e que me dissesse “Quê, filha?”, cheio de ternura, lá isso gostava.
Haja
amor, haja esperança, haja alguém neste caminho que nos faça acreditar.
Publicado Originalmente em: Notícias do Nordeste