quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Raios! Não há botão delete!

A minha vida é recheada de momentos insólitos, que me fornecem um grande discernimento e uma capacidade pensante do tamanho da estratosfera terrestre.

Fui então alertada, por um amigo particularmente atento e cortês, para o facto de a minha cronologia facebookiana ser povoada por réstias da existência de uma relação amorosa terminada.

Ora, isto é deveras preocupante. Não só sobras do passado em si, mas toda esta temática.

Então, é isto. Um dado de que toda a população que utiliza o Facebook já deve estar ao corrente. Podemos até apagar as pessoas da nossa vida e chutá-las para canto no nosso coração. O drama é (verdade, verdadinha) apagá-las do raio da internet.

É que os nossos amigos não têm culpa que outrora posássemos para fotos juntos. E publicam, identificam e comentam. Passa o amor, e fica o “mono”, de recordação, a aparecer no feed aqui e acolá. Raios!

A nossa vida resume-se a um “Sei o que fizeste no Verão passado” qualquer. E sabem mesmo, porque lá estão as publicações, sempre a saltar como coelhos da toca em época de procriação, e que nem nos ocorria que existissem ainda.

E ali fica, permanentemente. O raio (enfatizar esta parte é importante) das anamnesias, ecos do passado. Toda uma vida social fica devastada e condicionada por tempo indeterminado (ler a ouvir música com carga dramática).

Queria pedir encarecidamente ao senhor Mark Zuckerberg que desse um jeitinho a isto. E não era um jeitinho só para mim, nada disso. Aposto que conseguia fazer uma petição com milhões de assinantes a requerer um botão delete para coisas inapropriadas e sem utilidade no nosso Facebook.

Reflictamos em conjunto sobre o tema (muitas cabeças pensam melhor do que uma, principalmente quando essa uma é minha). Pomos fotos, os amigos põem fotos. Tag daqui, tag ali, e temos fotos que nunca mais acabam (e das quais nem se lembram, confessem). Depois, um belo dia, não as queremos mais. E como tirar tudinho? De uma assentada? Ah, pois é! Onde fica a nossa imagem?

Antes das redes sociais é que era. Pegava-se nas fotografias todas, cartas de amor, bilhetes do cinema, papéis de rebuçados (as coisas que os casais apaixonados chegam a guardar, Deus meu!), colocava-se numa tina metálica, regava-se com álcool etílico (ou bagaço, ou whisky, tudo depende do estado emocional), e pronto. Fósforo no assunto, e era ver labaredas tolas a consumir o que pusemos para trás das costas.

Agora não.

Ele é tirar identificações de fotos, ele é pedir aos amigos em conversas privadas no chat para tirarem determinado post incriminatório, ele é ocultar de todos os lados. Uma trabalheira. Raios! (novamente).

O truque é (surpreendam-se) não colocar online nada de amores, romances ou gostos desvairados e/ou voláteis.

Lembrem-se – um post em falso e louco, um dia, pode vir bater à vossa porta quando menos esperarem. É como levar com um pau na cabeça no meio de um beco escuro. Tingas! Nem vemos de onde vem.

 E enquanto não há o tal botão delete, algumas coisas não valem o trabalho e a preocupação que dão.