Às
vezes ponho-me a pensar nisto de ser jovem. De ter 20 e poucos e uma vida pela
frente. De querer sair do ninho e voar sozinho.
Com
20 e poucos nunca temos medo de errar, porque sabemos que vai haver mais
oportunidades. Aliás, perder uma pode significar embarcar numa muito melhor
logo a seguir. O truque dos 20 e poucos é mesmo esse – nunca comprar muitas
fichas para mesmo carrossel. Vamos experimentando até acertar.
Com
20 e poucos tudo é entusiasmante. Sair de casa, o primeiro emprego, sair com os
amigos, bater com o carro no passeio, apanhar um vendaval na rua ou uma fila
gigante numa casa de banho pública quando estamos mesmo à rasquinha. Tudo
parece inusitado, mesmo que aconteça a metade do universo em simultâneo.
Os
20 e poucos não são sábios. Podemos não saber o que raio fazer, mas não vamos
pedir ajuda. Não senhor. Porque aos 20 e poucos somos cheios de ideias e
senhores de um nariz e de um ego gigantes.
Nunca
teremos culpa de nada aos 20 e poucos. Haverá sempre quem culpar. Mesmo que lá
no fundo, fazendo uso da consciência, saibamos que a culpa é toda nossa. Quer
seja num amor que partiu, ou numa situação profissional que correu menos bem.
Com
20 e poucos as noites mal dormidas não assustam, nem podem assustar. Dormir
pouco é sinal de que estamos vivos e saudáveis. E temos a certeza que aquelas
horas que perdemos de sono vão escrever história na nossa cronologia (não só do
Facebook).
Os
20 e poucos são rebeldes. Já não é aquela rebelião sem tino da adolescência.
Essa voltou para o armário. Estamos mais maduros agora, e queremos mostrar que
temos ideias, que pensamos pela nossa própria cabeça.
Temos agora gostos
definidos, e sabemos justificá-los – o “porque sim” e “porque não” são coisa do
passado.
Com
20 e poucos falamos com certezas, mesmo que a nossa única certeza seja
acreditarmos naquilo que dizemos.
É
altura de aprender que alguns amigos são para sempre, e de aprender a
aproveitar os seus sorrisos, a sua companhia, as suas palavras quando tudo vai
mal.
Com
20 e poucos não queremos ser ricos. Queremos é ter ideais! E ir a manifs. E a
concertos. E pintar a cara porque joga a Selecção. E ser trendy, sem ser trendy,
porque ser trendy é não ser trendy.
Com
20 e poucos sabemos para onde queremos ir. Temos metas. Mas, atenção! Podemos não
ter caminhos definidos. Avançamos, nessa prova de orientação que é a vida,
cujas balizas são constantemente trocadas. E sabem que mais? Nem nos vamos
importar com isso.
Começamos
a dar mais valor aos nossos pais, que gostam de nós mesmo quando fazemos birras,
como que se ainda não fôssemos adultos. Melhor dizendo, somos adultos? Bem, só
para algumas coisas, é certo. Para outras não nos sentimos preparados (ahhh, e
a sopinha da mãe, que é tão boa! E aquele assado no forno especial ao Domingo!).
Com
20 e poucos somos ainda uma obra-prima inacabada. Pensamos melhor do que nunca.
Temos a mente e o corpo ágeis. Porém queremos mais – o que temos não chega por
ora!
Aos
20 e poucos somos jovens, e selvagens, e livres (como aquela canção, sabem?).