sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Os 20 e poucos

Às vezes ponho-me a pensar nisto de ser jovem. De ter 20 e poucos e uma vida pela frente. De querer sair do ninho e voar sozinho.

Com 20 e poucos nunca temos medo de errar, porque sabemos que vai haver mais oportunidades. Aliás, perder uma pode significar embarcar numa muito melhor logo a seguir. O truque dos 20 e poucos é mesmo esse – nunca comprar muitas fichas para mesmo carrossel. Vamos experimentando até acertar.

Com 20 e poucos tudo é entusiasmante. Sair de casa, o primeiro emprego, sair com os amigos, bater com o carro no passeio, apanhar um vendaval na rua ou uma fila gigante numa casa de banho pública quando estamos mesmo à rasquinha. Tudo parece inusitado, mesmo que aconteça a metade do universo em simultâneo.

Os 20 e poucos não são sábios. Podemos não saber o que raio fazer, mas não vamos pedir ajuda. Não senhor. Porque aos 20 e poucos somos cheios de ideias e senhores de um nariz e de um ego gigantes.

Nunca teremos culpa de nada aos 20 e poucos. Haverá sempre quem culpar. Mesmo que lá no fundo, fazendo uso da consciência, saibamos que a culpa é toda nossa. Quer seja num amor que partiu, ou numa situação profissional que correu menos bem.

Com 20 e poucos as noites mal dormidas não assustam, nem podem assustar. Dormir pouco é sinal de que estamos vivos e saudáveis. E temos a certeza que aquelas horas que perdemos de sono vão escrever história na nossa cronologia (não só do Facebook).

Os 20 e poucos são rebeldes. Já não é aquela rebelião sem tino da adolescência. Essa voltou para o armário. Estamos mais maduros agora, e queremos mostrar que temos ideias, que pensamos pela nossa própria cabeça. 

Temos agora gostos definidos, e sabemos justificá-los – o “porque sim” e “porque não” são coisa do passado.

Com 20 e poucos falamos com certezas, mesmo que a nossa única certeza seja acreditarmos naquilo que dizemos.

É altura de aprender que alguns amigos são para sempre, e de aprender a aproveitar os seus sorrisos, a sua companhia, as suas palavras quando tudo vai mal.

Com 20 e poucos não queremos ser ricos. Queremos é ter ideais! E ir a manifs. E a concertos. E pintar a cara porque joga a Selecção. E ser trendy, sem ser trendy, porque ser trendy é não ser trendy.

Com 20 e poucos sabemos para onde queremos ir. Temos metas. Mas, atenção! Podemos não ter caminhos definidos. Avançamos, nessa prova de orientação que é a vida, cujas balizas são constantemente trocadas. E sabem que mais? Nem nos vamos importar com isso.

Começamos a dar mais valor aos nossos pais, que gostam de nós mesmo quando fazemos birras, como que se ainda não fôssemos adultos. Melhor dizendo, somos adultos? Bem, só para algumas coisas, é certo. Para outras não nos sentimos preparados (ahhh, e a sopinha da mãe, que é tão boa! E aquele assado no forno especial ao Domingo!).

Com 20 e poucos somos ainda uma obra-prima inacabada. Pensamos melhor do que nunca. Temos a mente e o corpo ágeis. Porém queremos mais – o que temos não chega por ora!

Aos 20 e poucos somos jovens, e selvagens, e livres (como aquela canção, sabem?).






quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Bom ano novo!

A coisa mais fixe desta época festiva é mesmo dizer aos nossos amigos, conhecidos, desconhecidos, conhecidos de ocasião e/ou recém-conhecidos isto:

BOM ANO.

É como que se lhes estivéssemos a dar a nossa bênção, embutida nestas duas palavras.

Assim desejamos 365 dias bons, cheios sorte, sucesso, saúde e muitos mais.

Temos, nestes primeiros dias do ano, um poder divino connosco, este de abençoarmos as pessoas, qual Papa Chico, de água benta desembainhada.

Provavelmente, lá mais para o meio do ano (quando chegar o calor, e afectar a nossa forma e capacidade de pensar), vamos querer retirar parte destas sagradas bênçãos que agora distribuímos indiscriminadamente.

Mas, sabem que mais? Não sejam má rês. Em 2015 pensam melhor nisso.

Para já, vivam o super 2014!


A todos os seguidores deste blogue, um bom ano ;)


Vá lá, agora a sério

Estou habituada a que as pessoas não me levem a sério.

Eu falo, entusiasmada, (às vezes cheia de teorias do arco-da-velha, e com inteiro uso da razão) e em troca recebo uma plateia, que me revira os olhos dramaticamente.

Aliás, eu própria sou uma descrente, e vai daí passo 45% do meu tempo a dizer “a sério?”. Por isso mesmo, porque não acredito também.

A questão real é, convençam-se, simplesmente esta:  podemos confiar?

Eu, que, dizem os entendidos, até sou crente em demasia às vezes, não me finto nessa conversinha. Nah, nada mesmo.

Agora, haveria alguém de me gritar “Ei, então não eras tu que dizias para acreditarmos uns nos outros? Grande mentirosa.”

Pois sou, – respondo calmamente a essa pergunta – e assim comprovo a minha teoria.

Mete-me espécie aquelas pessoas que falam mal de alguém, lhe chamam nomes feios, atiram a reputação dessa pessoa para a sarjeta, e… no final das contas, são grandes amigos, jantam fora de quando em vez para pôr a conversa em dia, ou publicam fotografias no Facebook, com frases carinhosas.

Quem são então estas pessoas para revirar os olhos à minha sinceridade? E às minhas francas teorias?
Pessoas, sejam honestas.

Quando não gostam, revirem os olhos, ou façam ar de nojo. É bom e faz bem à saúde.

Ser verdadeiro está em desuso, essa é que é essa. Os malandros amigos da mentira e da falsidade corromperam tudo e todos.

E por isso é tão difícil acreditar em alguém. Mesmo que seja um alguém especial.

É mais fácil espetar-lhes farpas com cores coloridas, nessa grande tourada que é a vida. Fazemo-lo por aquilo que consideramos autodefesa, ou em contrário acabaremos com um corno espetado no meio das costelas (ocorreu-me uma piada fácil com isto do corno, mas creio que é tão óbvia, que vou deixar a pairar no ar).

Pagam todos pela falsidade da maioria. Somos felizes assim, a afastar pessoas, boas e más, de forma indiscriminada. Estamos a todo o momento à espera de uma prova, plausível ou não, para nos agarramos e fazermo-nos donos de uma razão, maioritariamente inexistente.

Quando era criança, era muito destravada. Não sabia mentir.

Hoje, mais velha em idade, (note-se, “idade” e não “maturidade”) continuo a unir os lábios quando algo me deixa chateada, e a deixar estampar no rosto as minhas emoções, sem que o perceba.

Se já tentei mudar isso?

Não.

Não quero.

Recuso.

Assim como as minhas fantásticas teorias, que partilho com a minha plateia que revira os olhos dramaticamente, não quero perder os traços da minha honestidade. Aquela que nunca foi contaminada por um bando de pecaminosos seres, que hoje são e amanhã já não são.

Escrevi uma vez que ser alguém a tempo inteiro é muito melhor do que ter muitos alguéns dentro de nós. Cada vez acredito de forma mais pia nisso.

Vamos ser sinceros, para podermos acreditar nas boas intenções dos outros. Vamos atirar com verdades para que nos sejam devolvidas verdades. Vamos dizer palavrões quando estivermos chateados. Vamos falar com mel na voz quando estivermos apaixonados. Vamos ser humanos, e não uns robots desprovidos de emoção e sentimentos.

“A verdade dói.” “A mentira tem perna curta.” “Prefiro a dura realidade da verdade do que uma doce mentira”. Tantas frases, cuspidas aqui e além, em qualquer lado, sem serem, de facto, sentidas e realizas.
Raspem o “Made in Taiwan” das vossas vidas.

Se querem ser reconhecidos pelo bem, registem a vossa própria marca, sem contrafacção à mistura.

Com certeza que, um dia, as pessoas certas vos vão marcar com um selo verde de “marca de confiança”, e, quiçá”, “produto do ano”.