sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O que é meu, é meu!

Quero primeiramente, em jeito de chamada de atenção, chocar quem, por engano, ler estas linhas.

Sem mais delongas, venho manifestar todo o meu fervoroso apoio às cenas de ciúmes. E não, não falo dos arrufos fofinhos de casais, que terminam com ambos a emitir sons estranhos, quais gatinhos a ronronar. Não. Não mesmo. Falo daquelas cenas de filme, com bibelôs a cruzar salas furiosamente, com o rímel a lavar a cara, com urros, ora enraivecidos, ora esganados.

Amor que é amor, tem que ser na rédea curta. Isso de ser liberal é para quem não ama. Confiança? Jesus confiou em Judas, e viram onde a coisa acabou. E antes que alguém vos pregue a uma cruz, vejam bem com que linhas se cosem.

Gosto de extremos. Se é para amar, que seja até a um limite inalcançável, onde reine o sentimento de posse. Se é meu, é meu.

Mas antes de correrem a comprar redomas de vidro, ou começaram a urinar nas pernas do objecto da vossa paixão, continuem a ler, por favor.

Se vamos escolher alguém, que seja um alguém especial. Um alguém como não há em lado nenhum. Vamos acreditar que fomos feitos em pares. Sim, cada um encontrará o seu par. Não um complemento, ou peça perfeita do puzzle. Isso não é amor, é conveniência. Uma forma absurda de fechar a porta à vida, e de lhe roubar o chupa-chupa. Uma relação a sério terá romance, intriga, drama e tragédia. Às vezes será uma comédia recheada de humor negro, que nos fará duvidar das nossas escolhas. Haverá dias de verão, de inverno, e os de meia-estação. Nunca será perfeito, e a sua perfeição estará justamente aí.

Haverá pessoas perfeitas? Claro que há. Basta que as vejam com o vosso coração, e não com a razão. Não ter máculas é aborrecido. Sem graça. Sensabor.

E por tudo isto temos ciúmes, porque encontramos uma utopia só nossa. Estamos a viver o nosso sonho, e não vamos deixar que nos o roubem. O amor não confia, tem sempre o sobreolho franzido, à espera de um motivo para gritar “Ah, ah, apanhei-te meu malandro!”.

Por isso gosto das cenas de ciúmes. São como água da chuva após uma longo período de sol – refrescam, limpam a poeira e, literalmente, acabam com a seca dos dias somente assim-assim. Não se inibam. Pelo sim, pelo não, tenham sempre dois ou três bibelôs sempre a mais e à mão de semear (daqueles que nos dão pelo Natal, e dos quais não gostamos). Expressem-se de forma aberta aos vossos parceiros. Mostrem-lhe como eles são importantes, e que não querem que vos sejam arrebatados, sem luta, sem sangue, sem lágrimas.

Depois? Façam as pazes, de forma ardente e com muito vagar. E não se esqueçam de sussurrar, entre um beijo e outro “o que é meu, é meu!”, só para garantir que a pessoa amada sabe todos os termos do contrato que vos une. 

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