quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O estranho caso das relações

As relações são o que são, chegam onde tem de chegar, e nada mais há a dizer. Contra factos não há argumentos.
Sumariamente, existe muito esta mania de fazer perguntas e de pôr todos os “se’s” possíveis, como que se isso fosse mudar o rumo da nossa vida. Palavras não mudam nada, e pouca gente é frontal ao ponto de dizer o que sente realmente. Por isso, perguntas como “se eu mudasse o meu feitio por ti, ficavas comigo?”, ou “se eu arranjasse um emprego aí por perto, podíamos ser felizes?” não vão trazer nada de novo, a não ser o mal-estar geral e uns quantos ataques de vómito.
Nisto de estar com alguém, amar alguém, estar apaixonado, esbarrar ocasionalmente, não há truques nem dicas. Somos o que somos, o que cada pessoa nos faz ser. Se já mudei por alguém? Sim, já. Se valeu a pena? Nem por um segundo.
Ouvi um casal discutir numa mesa de café. Um jovem casal, em idade e maturidade. Ela atirava-lhe à cara que só ele só liga aos amigos; ele, muito ofendido, defendia-se dizendo que se ela quisesse ele poderia mudar isso, enquanto, entre uma frase e outra, negava copiosamente tudo que saía em jorro da boca dela. Podemos concluir que são o centro do mundo um do outro. Podemos também concluir que ele queria estar com os amigos, e ela queria beijinhos e carinhos a toda a hora, estilo cola UHU. Por isso, podemos aferir que nunca algo assim terá pernas para andar.
Acredito que se possa ter alguém sem a necessidade de o verbalizar, de o demonstrar a toda a hora. É nosso e pronto. Um breve olhar e um sorriso trocados entre os dois será como uma longa conversa num dialecto próprio. Sem cobranças. Sem rotinas inúteis. Apenas duas pessoas que se agradam com a companhia do outro. Que são felizes por se poderem ajudar mutuamente. Tudo isto de uma forma imperceptível ao mundo, mas capaz de abalar o mundo delas.

Todos os dias.  

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