As relações são o que
são, chegam onde tem de chegar, e nada mais há a dizer. Contra factos não há
argumentos.
Sumariamente, existe
muito esta mania de fazer perguntas e de pôr todos os “se’s” possíveis, como
que se isso fosse mudar o rumo da nossa vida. Palavras não mudam nada, e pouca
gente é frontal ao ponto de dizer o que sente realmente. Por isso, perguntas
como “se eu mudasse o meu feitio por ti, ficavas comigo?”, ou “se eu arranjasse
um emprego aí por perto, podíamos ser felizes?” não vão trazer nada de novo, a
não ser o mal-estar geral e uns quantos ataques de vómito.
Nisto de estar com
alguém, amar alguém, estar apaixonado, esbarrar ocasionalmente, não há truques
nem dicas. Somos o que somos, o que cada pessoa nos faz ser. Se já mudei por
alguém? Sim, já. Se valeu a pena? Nem por um segundo.
Ouvi um casal discutir
numa mesa de café. Um jovem casal, em idade e maturidade. Ela atirava-lhe à
cara que só ele só liga aos amigos; ele, muito ofendido, defendia-se dizendo
que se ela quisesse ele poderia mudar isso, enquanto, entre uma frase e outra,
negava copiosamente tudo que saía em jorro da boca dela. Podemos concluir que
são o centro do mundo um do outro. Podemos também concluir que ele queria estar
com os amigos, e ela queria beijinhos e carinhos a toda a hora, estilo cola
UHU. Por isso, podemos aferir que nunca algo assim terá pernas para andar.
Acredito que se possa
ter alguém sem a necessidade de o verbalizar, de o demonstrar a toda a hora. É
nosso e pronto. Um breve olhar e um sorriso trocados entre os dois será como
uma longa conversa num dialecto próprio. Sem cobranças. Sem rotinas inúteis.
Apenas duas pessoas que se agradam com a companhia do outro. Que são felizes por
se poderem ajudar mutuamente. Tudo isto de uma forma imperceptível ao mundo,
mas capaz de abalar o mundo delas.
Todos os dias.
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