quinta-feira, 4 de setembro de 2014

“Amanhã” ainda cá estaremos?

O maior medo chama-se “amanhã”.

O “amanhã” é tramado, é sim senhor. Porque ninguém sabe como vai ser. E temos tantos planos para ele…

Só que, acontece com frequência, descobrimos que os planos têm falhas, subterfúgios e que tendem a correr da forma que não queremos.

O “amanhã” é um pequeno trasgo transmontano, que é uma espécie de duende traquina, cheio de vontades e humores.

No “amanhã” queremos partir correntes, queremos brilhar, queremos chegar ao pôr-do-sol com a sensação de dever cumprido. E chega o “amanhã” e muda tudo. Ou melhor, nada muda.

As mesmas correntes, o mesmo dia bacento, a mesma sensação de que podia ter sido diferente.

Esperamos por outro “amanhã”, com pouca paciência e menos entusiasmo – já sabemos que ele nos vai lixar.

“Um dia…”, ouve-se, algures. Talvez só dentro da nossa cabeça, a martelar, a rodopiar, como uma bala perdida a fazer ricochete.

“Um dia…”, dizemos. E acreditamos. Tem que ser assim.

Um dia, vamos ultrapassar medos, barreiras. Vamos ser bons, ou fazer de um tudo para sermos piores (porque é preciso também).

Que o “amanhã” não nos tire o horizonte. De “amanhã” em “amanhã” chegamos ao “um dia”, aquele que será só nosso.

Até “amanhã”.





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