O maior medo chama-se “amanhã”.
O “amanhã” é tramado, é sim
senhor. Porque ninguém sabe como vai ser. E temos tantos planos para ele…
Só que, acontece com frequência,
descobrimos que os planos têm falhas, subterfúgios e que tendem a correr da
forma que não queremos.
O “amanhã” é um pequeno trasgo
transmontano, que é uma espécie de duende traquina, cheio de vontades e
humores.
No “amanhã” queremos partir
correntes, queremos brilhar, queremos chegar ao pôr-do-sol com a sensação de
dever cumprido. E chega o “amanhã” e muda tudo. Ou melhor, nada muda.
As mesmas correntes, o mesmo dia bacento,
a mesma sensação de que podia ter sido diferente.
Esperamos por outro “amanhã”, com
pouca paciência e menos entusiasmo – já sabemos que ele nos vai lixar.
“Um dia…”, ouve-se, algures.
Talvez só dentro da nossa cabeça, a martelar, a rodopiar, como uma bala perdida
a fazer ricochete.
“Um dia…”, dizemos. E
acreditamos. Tem que ser assim.
Um dia, vamos ultrapassar medos,
barreiras. Vamos ser bons, ou fazer de um tudo para sermos piores (porque é
preciso também).
Que o “amanhã” não nos tire o
horizonte. De “amanhã” em “amanhã” chegamos ao “um dia”, aquele que será só
nosso.
Até “amanhã”.
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