Tenho reparado que muita gente
anda a escrever sobre este novo mês.
Setembro parece inspirar as
pessoas, e, deduzo, consideram-no um mês de mudanças - ora porque voltam as
aulas, os empregos, as rotinas, as modalidades desportivas, os tribunais e
muitas mais coisas, que agora não me lembro.
Bom, Setembro, na opinião da
maioria, é então um mês de mudança. Não é como na bola, que a meio trocamos de
campo. Nada disso. Junho é só um mês chato porque nem está calor nem frio, não
há férias, e também já não há futebol.
Setembro é que é. Ele é o
derradeiro mês. Não considero, ainda sim, favorável altura para cumprir as
resoluções de ano novo, porque ficamos com um deadline apertadinho.
Compreendo este ponto de vista.
Repare-se, nenhum demente, por mais que queira, vai procurar emprego no Verão,
quando há água por todo o lado, areia, pessoal descascado e
festas que brotam como cogumelos.
Já Setembro é claramente uma boa
aposta. Acaba a boa vida, e a todos parece excelente altura para mandar CV’s
para todo o lado.
Em Setembro também deve haver
promessas infundadas e incumpridas, como na passagem de ano, para quem se
esqueceu das anteriores, usando o champanhe a mais como desculpa para isso. E
deve haver quem prometa que vai emagrecer, engordar, ler mais ou ser fiel.
Só não entendo esta mania das
pessoas em dividirem o ano em etapas. Cada dia é uma etapa. E, se queremos
mudar, ou fazer algo diferente, por que é que temos que esperar por algum mês,
ou dia, ou hora?
Assim só vamos parecer surfistas,
à espera de onda. Pessoalmente, gosto da imagem que tenho dos surfistas, e
gostava de esperar ondas com eles, mas isso são outros quinhentos.
Chateiam-me divisões e
catalogações temporais. Em Agosto pára o país e o mundo. Em Setembro tudo
regressa em força. Agosto é, analisando a cru, uma falha nos dentes
de uma roda – chega ali, estagna, e depois pula.
Podíamos, até, fazer uma festa
para este mês, dada a sua carga tão própria e os sentimentos que provoca nas
pessoas – quem estuda, fica empolgado; quem já não estuda, fica melancólico;
quem trabalha, fica irritado; quem está reformado não pensaa nisso, e vai jogar
à sueca com os amigos.
Mas, esperem. Não, não. Esqueçam
a festa. Isso exigia feriados, para as devidas recuperações. E temos que pensar
no PIB nacional, depois de um mês de papo para o ar.
Por isso, bem-vindos a Setembro.
Dispersar! Que, com certeza, tem
muito que fazer hoje.
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