terça-feira, 2 de setembro de 2014

Vade Retro!

Antes de me alongar em pensamentos sem sentido, devo avisar que 99,9% das pessoas que lerem este texto até ao fim se vão identificar com ele.

Aproveito para dizer que têm que passar o texto a dez pessoas antes da meia-noite. Ah! Antes disso tem que dar voltas a uma capela qualquer, à vossa escolha. E escrever coisas num papel (não, não falo da lista de compras). Se não o fizerem, não posso afirmar, mas poderão acontecer-vos coisas pouco agradáveis.

O mais provável é que não aconteça nada… Mas que as há, há. E mais não digo.

Isto tudo para vos dizer que somos todos um bando de azarados.

É isso mesmo! A-Z-A-R-A-D-O-S.

Estatisticamente falando, por mês (estou a usar um espaço de tempo simpático), usamos expressões como “tudo me acontece” ou “que azar do caraças”, e por aí fora, imensas vezes.

E mesmo quando um amigo nos diz “fogo, isso só mesmo a ti” não conseguimos deixar de sentir um pequeno orgulho gritante, que reprimimos, por modéstia. Isto porque ser azarado e passar impune dia após dia, é o mesmo que passar num corredor armadilhado com machados, bombas, buracos negros e mesmo zombies sanguinários, e sair ileso.

Tenho pensado nisto do azar porque começo a achar que alteraram o calendário, e que, na realidade, eu nasci numa sexta-feira 13 carregada e não num sábado 7 solarengo.

Ora, mas nem me importo. Não tendo caldeirão nem vassouras que passem as da Vileda que me valham, só posso concluir que todo o mal que se abate sobre a minha cabeça, para mal dos meus pecados, é simplesmente sinal de que estou viva por mais uns tempos.

Afinal tem muita razão quem diz que “não acontece só aos outros”. Pois não, meus caros. Acontece, espantem-se,a todos nós.

No dia em que deixarem as chaves dentro de casa, baterem com o carro, perderem documentos ou avariarem (estragar também é válido) objetos (só não o façam em semanas muito próximas, que é um bocadinho pesado. Oiçam a voz da experiência), não corram a hipotecar a casa para pagar a um Professor Bambo qualquer! 

Lembrem-se antes que, em alguma parte do mundo, haverá alguém na mesma situação. E que o Titanic se afundou num ano em que nem havia risco elevado de formação icebergs (isso é que foi azar).

Não sei se há bruxas, invejas,maus-olhados, mezinhas, macumbas, livros e rezas que sejam plo mal. Apenas posso jurar a pés juntinhos que o azar faz parte da vida, e que nenhum exorcismo vos pode livrar dele.

Não se preocupem com essas coisas. Mas, e não vá o diabo tecê-las, não tire esse dente de alho de onde está, enquanto eu dou três pancadas na madeira. 




Más línguas, boas conversa

In Jornal Terra Quente

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